sábado, 17 de novembro de 2007

Poeta preeminente

No meio do caminho tem um poeta, tem um poeta no meio do caminho. Acabo de ter hoje a prova final de que se tem mais um poeta andando sorrateiramente por entre nós. Muitos sequer saberiam distingui-lo dentre a multidão. Embora ainda exista e persista neste mundo a forte idéia de que ler é sinônimo de perda de tempo, logo perda de dinheiro, os poetas cometem um crime duplamente maior – eles escrevem.

É com um estilo de cunho reflexivo, histórico e social que o Cláudio, colega historiador e a partir de agora um poeta menos-anômimo, se expressa e compõe suas poesias. Bastou ler apenas uma para dar-me conta das potencialidades desse eminente escritor. Sem dúvida num futuro bem próximo há de produzir coisas mais magnânimas ainda. Nota-se que o Cláudio tematiza a vida e os acontecimentos do mundo em versos que focalizam os embates sociais, o questionamento da existência e tantos outros assuntos afins, até mesmo a própria poesia não escapa à sua visão crítica.

Dessa forma não poderia deixar que essa descoberta passasse em branco. Quero sim expressar meu apoio e incentivo. Por isso que, como os poetas, também cometi o grave delito de escrever. Não tenho tais capacidades para compor semelhantes poesias, mas posso de maneira simplista e conforme minhas vãs possibilidades tentar escrever sobre quem as compõe. “A poesia não se entrega a quem a define. (...) A diferença entre um poeta e um louco é que o louco não sabe que é louco e o poeta sabe. A poesia é uma loucura lúcida.”, afirmou sabiamente Mario Quintana.

Assim, peço permissão ao caro amigo Cláudio para reproduzir aqui uma poesia que ele mesmo me enviou. Ei-la:

‘RECEITA POSITIVA PR’ UM MUNDO IMPOSITIVAMENTE POSITIVO’

Pegue um planeta,
Destrinche em miúdos,
Crie uma receita,
Sistematize os estudos.

Observe a natureza,
Crie a equação,
Instaure a certeza,
Aplique a razão.

Isole o fenômeno,
Agora COMTE-me a nova:
Estás feliz de fato,
Por terdes a prova?

Funcionou, enfim...
Muito bem com os animais,
Mas pra fenômenos humanos,
Nenhuma diferença faz!

Todo o progresso,
Que a ciência proporciona,
Pode ser dito retrocesso,
Pois só aos ricos funciona.

Dizem ser evolução,
Poder moldar o planeta,
Acredito ser ilusão,
Desacredito dessa receita.

Dizem: fomos à lua!
Hoje o homem vive mais,
Que cara de pau a tua!
Que diferença isso faz?

Temos a bomba atômica,
E os problemas sociais,
A velocidade é supersônica,
Quanta diferença isso faz!

Temos água tônica,
E homens suicidando,
Dou-te uma mão biônica,
Pra você morrer trabalhando!

Um comentário:

Fabrício Santos disse...

Bravo Cláudio .Não sei se a erva inspiradora corria em seu sangue no momento em que ele escrevia esse poema , mais a inteligência na qual foi escrito este,é formidável .E o mais importante é que ele retrata as diferenças socias existentes neste planeta onde o HOMEM , se corrompe cada vez mais pelas imoralidades vigentes .